terça-feira, 16 de agosto de 2011

Anos 40

Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países. Ainda assim, 92 ateliers, mantiveram as portas abertas durante a guerra.
Apesar das regras de racionamento, impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar, a moda sobreviveu à guerra. As mulheres passaram a reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. O corte era reto e masculino, em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o "tweed". As saias eram mais curtas, compregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares. O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas.
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a dificuldade em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e formar cachos. Os lenços também foram muito usados. A maquiagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse pelos chapéus, que eram muito criativos.
A alta costura ficou restrita às mulheres de comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que, de alguma forma, podiam frequentar os salões das grandes maisons.
Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos.
A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do "sportwear" americano. Com isso, o "ready to wear" (pronto para usar), depois chamado de "prêt à porter" pelos franceses, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir.
Durante a guerra, Coco Chanel envolveu-se romanticamente com um oficial alemão e chegou a ser acusada de contribuir com o Reith numa operação chamada "chapéu da moda" que visava convencer Churchill, com quem tinha boa relação, a ouvir uma proposta de paz alemã.
O envolvimento com os alemães lhe rendeu algumas horas de interrogatório e um exílio na Suiça. Chanel só reabriu sua maison em Paris no ano de 1954, já com 70 anos de idade.
O Perfume Chanel nº 5, criado em 1923, porém, nunca deixou de ser vendido e está, até hoje, entre os mais vendidos do mundo. Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas com trajes criados por todos os grandes nomes da alta costura francesa.
No dia 27 de março de 1945, "Le Théatre de la Mode" encantou seus convidados com suas 237 bonecas devidamente vestidas, da roupa esporte ao vestido de baile, com todos os acessórios, peles, sapatos, em acabamento de luxo, idênticos aos de tamanho natural. Mais de 200 mil pessoas visitaram a exposição que seguiu para vários países como Espanha, Inglaterra, Áustria e Estados Unidos.
Em 1947, o francês Christian Dior, lança sua primeira coleção e surpreende a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de salto alto. O sucesso imediato do seu "New Look", como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos durante a guerra.

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